Transfiguração do Senhor

Jesus sobe uma alta montanha. Ele a sobe para encontrar o Altíssimo. O Filho sobe para onde reside a glória oculta do Pai, que em breve será revelada a Pedro, Tiago e João. O ápice da ascensão é o próprio Jesus transfigurado perante seus discípulos, é o esplendor de sua glória manifestada aos homens que anuncia a sua ressurreição, e a nossa ressurreição. A fonte divina e eterna se revela para mostrar que a dor da cruz não prevalecerá, mas que, ao contrário, nossa condição de pecador também está destinada à transfiguração com o Cristo. E como Jesus poderia mostrar-nos isso, senão por uma atitude de oração?

Mais!

Segundo São Bernardo de Claraval, o ser humano é um ser de desejo. Mas quando esse desejo é por coisas, isso faz com que nunca fiquemos satisfeitos com o que já possuímos. O desejo torna-se insaciável, pois ficar satisfeito com o que se possui seria matar o desejo e, deixar de esperar por mais seria, de certa forma, deixar de viver ou de ter gosto pela vida…

Entre o tempo do Filho e o tempo do Espírito

Celebramos hoje o dom do Espírito Santo enviado por Jesus aos seus discípulos. Mas não foram apenas eles que receberam o Espírito de Deus. Cada batizado e, portanto, cada um de nós, é chamado a viver no Espírito Santo. Na verdade, podemos até dizer que a vida cristã, bem como a vida monástica, é uma vida no Espírito. Portanto, peçamos especialmente hoje, pelo dom de uma vida no Espírito Santo. Deus não é avarento nem mesquinho. Ele é o primeiro a querer nos dar e nos fazer participar de sua alegria de viver.

Deus-para-os-outros

As leituras da liturgia destes últimos domingos da Páscoa preparam-nos gradualmente para a festa de Pentecostes, a partir do discurso após da Última Ceia, onde Jesus falou de várias maneiras sobre o amor aos seus discípulos. De fato, é o Espírito Santo quem “derrama o amor de Deus nos nossos corações” (cf. Rm 5, 5), e devemos estar preparados para compreender o que é este dom do amor verdadeiro. É no Quarto Evangelho e na Primeira Carta de São João, ouvidos neste domingo, que encontramos os ensinamentos mais profundos sobre o amor que Deus nos dá para torná-lo nosso Amor.

Acreditar na Vida

Ele quis! Ele esperou por isso desde o pecado das origens, desde a criação, talvez desde toda a eternidade, este momento de definitiva vitória sobre o mal, este instante em que sua criatura tornar-se-á tão bela quanto possível à sua imagem. Os profetas falaram sobre isso, as Escrituras o anunciaram, viria o dia em que todo o mal e todo o pecado, e até mesmo a morte, seriam vencidos. O que Deus quer não é a morte, mas a vida. Ele não quer o pecado nem a condenação, mas perdão e salvação. É a Misericórdia que ele deseja e a realiza por meio de seu amado Filho Jesus Cristo. E eis que, nesta manhã de Páscoa, de uma vez por todas, a miséria dos homens, a condenação, são superadas pela ressurreição daquele que amou até o fim.

O Maior Sinal de Amor

Caros irmãos e irmãs, Jesus hoje se despede dos discípulos celebrando a páscoa judaica. Mas, fazendo isso, Ele une seu drama pessoal à história sagrada de seu povo. Seus gestos fazem disso memória e renovam profundamente sua validade: “Este cálice é a nova aliança, em meu sangue. Todas as vezes que dele beberdes, fazei isto em minha memória” (1Cor 11,25). Abrir a celebração do Tríduo Pascal em nosso contexto tão estranho e até opressor de pandemia, é também unir o nosso drama ao de Jesus, ecoando o drama dos Hebreus – oprimidos e depois confinados em suas próprias casas – quando a morte causada pela “praga exterminadora” passava e atingia os primogênitos egípcios, mas que, enfim, foram libertos pelo poder de Deus.

O Templo do Corpo de Cristo

Envolver-se com comércio sob o pretexto de adoração é literalmente profanar o lugar santo, zombar de seu caráter sagrado, em suma, é cometer sacrilégio. Este templo, havia sido explicitamente aprovado por Deus, e é por isso que a palavra do salmo 69 se aplica a Jesus: “O zelo por tua casa me consumirá”, palavra que ilumina toda a passagem.

Identidades

Cristo dirige-nos o seu grito enérgico de autoridade: “Cala-te e sai dele!” (Mc 1,25). Ele disse isso aos espíritos malignos que vivem em nós e que não nos deixam ser livres, tal como Deus nos criou e desejou. “Cala-te” é o “exorcismo” que Jesus profere sobre o mal. Talvez seja por isso que Nosso Pai São Bento deseja tanto que seus monges busquem viver o silêncio. Como diz o ditado “O bem não faz ruído; o ruído não faz bem”. O mal não pode conviver com o bem. A vida santa não permite o pecado.