HOMILIA NA SOLENIDADE DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO (Mt 16, 13-19)

D. Paulo DOMICIANO, OSB

“Tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la”. Certamente Pedro se lembrou desta promessa que o Senhor lhe fez enquanto estava na prisão. Seus companheiros estavam sendo perseguidos e mortos, ele mesmo, preso, seria o próximo. Tudo parecia ruir novamente… Mas Pedro, colocado à frente do rebanho de Cristo, é outra pessoa depois que renovou sua profissão de fé e de amor às margens do lago, declarando ao Senhor: “Senhor, tu sabes tudo, tu sabes que eu te amo”. Pedro, mesmo nesta situação de perigo e insegurança, dorme. Ele mantém sua confiança nas palavras do Senhor, que também confiou nele, apesar de todas as suas fragilidades, e lhe confiou o cuidado de sua Igreja e as chaves do Reino dos Céus.

Paulo também está na prisão enquanto escreve a seu discípulo Timóteo e revela toda a sua confiança no Senhor em meio à sua tribulação. Testemunha que foi libertado da boca do leão e, por isso, está seguro de que não será abandonado: “O Senhor me libertará de todo mal e me salvará para o seu Reino celeste”.

“O poder do inferno – ou as portas do inferno – não poderá vencê-la”. Esta é a promessa do Senhor, mas tanto Pedro quanto Paulo veem essas portas do inferno se abrirem violentamente diante deles. A força do mal tenta arrastar o homem para o desespero, para o pecado e a morte. Mas essa força, essas portas infernais, foram destruídas pela morte do Salvador, por sua descida aos infernos e por sua ressurreição. As portas do inferno foram destruídas pela pedra rolado do sepulcro, como vemos no ícone da descida de Jesus aos infernos, e Cristo se levanta vitorioso sobre elas.

Agora são as portas do céu que se abrem largamente para nós depois que o Filho de Deus subiu para o Pai e está sentado à sua direita. Lá Ele preparou um lugar para cada um de nós que, como Pedro e Paulo e tantos outros milhares que vieram depois deles, colocaram sua confiança em Deus e testemunharam sua fé, respondendo a esta pergunta fundamental que Jesus faz a todos os seus discípulos: “E vós, quem dizeis que eu sou?”.

Contudo, não basta responder corretamente a esta pergunta apenas com palavras: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”. É preciso ir além e assumir a vida do Messias em nossa própria vida, seguindo-o, anunciando o Evangelho e dando a vida como Ele deu, assim como Paulo pressente ao dizer: “eu já estou para ser derramado em sacrifício”.

Pedro e Paulo entenderam que é confessando Jesus Cristo como Senhor e se convertendo a Ele que se vence o mal, o pecado e a morte. As trevas não têm poder para deter a luz. A Igreja em seus membros sempre foi provada pelas perseguições, a exemplo de seu Mestre, e nossa época não é diferente: ela é sacudida pelas calúnias, pelo ódio dos inimigos de Deus, mas também é fragilizada por nossas próprias fragilidades, por nossa divisão. Contudo, é assumindo um caminho de conversão e de confiança na promessa de Cristo que contribuímos para a sua edificação. Sim, todos nós somos responsáveis pela edificação e o sustento da Igreja, junto com o papa, com os bispos e todos os fiéis batizados: somos um corpo, o Corpo de Cristo.

Que pela intercessão de Pedro e Paulo, as colunas da Igreja, nós tenhamos a graça da unidade da Igreja, que ela resplandeça como sinal da presença de Cristo no mundo através de nossas vidas, e que nós não nos deixemos abater diante das portas do inferno que tentam nos amedrontar e vencer, pois as portas do Céu estão abertas sobre nós e nada pode abatê-las.

São Pedro e São Paulo, rogai por nós.

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